terça-feira, outubro 09, 2007

Voltar ao passado no "país de Sócrates" ...

Era com rusgas, com detenções, ás sedes dos movimentos democráticos, aos domicílios particulares, nos clubes, e em muitos outro locais onde a polícia política (PIDE) suspeitava da existência de anti-fascistas reunidos, em momentos pré-eleitorais ou em qualquer dia do ano.
Foi com espanto que ouvi a notícia de que dois policias da PSP, á "civil", haviam entrado na sede do Sindicato dos Professores da Covilhã onde recolheram documentos e lançaram avisos de obdiência.
"Ontem, dois polícias "à civil" entraram na sede do Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC) na Covilhã e levaram dois documentos de informação referentes à acção de protesto marcada para hoje naquela cidade, onde estará o primeiro-ministro, no âmbito de uma visita à Escola Secundária Frei Heitor Pinto. O SPRC, filiado na Fenprof, considerou, em comunicado, que se tratou de uma "acção de características pidescas" e que justifica a apresentação de queixa sobre "esta violação dos direitos democráticos" ao Presidente da República, Parlamento, Provedoria de Justiça e Procuradoria-Geral da República. Ainda ontem, o ministro da Administração Interna ordenou que fosse instaurado um processo de averiguações para apurar os factos ocorridos na Covilhã."
Jornal Público
"Luís Lobo adianta ainda que a forma como foi realizada a visita causou uma grande surpresa.
«Estranhámos muito que nos levassem dois documentos da sede relacionados com a situação, porque normalmente isso acontece nas concentrações, onde são confiscados materiais para utilizar como prova de algo que possa vir a ser considerado ilegal pelos tribunais», acrescenta."

Volta a ser com o mesmo espanto que na rádio ouço um deputado do PS dar a entender que se deve marginalizar quem não concorda com o Governo.
"Por seu lado, o deputado do PS Vítor Baptista reconhece que se a versão dos sindicalistas sobre o que aconteceu for real então o que aconteceu na Covilhã «não é normal e não é desejável».«Agora não se pode confundir, com base nesse elemento que ainda está para ser feita a prova, ter um comportamento ao longo de meses e de anos em que este sindicato liderado por Mário Nogueira», adiantou.Para Vítor Baptista, este sindicato «não respeita a lei, não comunica, hostiliza, insulta. Acho que não é saudável em democracia e muito menos no Sindicato dos Professores»."
Então senhor deputado como vai a sua democracia?
Felizmente o secretário de Estado da Administração Interna, José Magalhães, foi mais reservado.
"«Façamos justiça ao Governo de ter inteligência política bastante para por um lado medir as consequências dos actos que pratica e de, em segundo lugar, ter perfeita consciência que estamos num ambiente democrático em que todos podem exprimir livremente a sua opinião», acrescentou."

É com espanto que oiço na rádio a não menos diligente Governadora Civil de Castelo Branco, Maria Alzira Serrasqueiro , dizer que tudo isto é normal, e que os senhores policias só lá foram em visita de cortesia, desculpem mas tudo isto me parecem cenas não muito distantes de outras atitudes de outros não menos diligentes funcionários superiores em crise de "bufaria".
"A governadora civil de Castelo Branco defendeu hoje que a ida de agentes das polícias a um sindicato para obter informações sobre eventuais protestos é um procedimento "habitual e rotineiro", negando ter sido intimidatório.
"O sindicato levantou questões de intimidação e rusgas, mas neste distrito, como no resto, não está em causa o direito à manifestação", frisou a governadora civil, sublinhando que é "abusivo o que os sindicalistas estão a transmitir para a comunicação social".Maria Alzira Serrasqueiro declarou que os agentes da PSP se limitaram a passar pela sede do sindicato para apurar quais os locais onde estavam previstos os protestos porque ainda não tinham a confirmação oficial de que a manifestação tinha sido autorizada. "É uma actividade rotineira da PSP, foi uma conversa normal", garantiu a responsável.Maria Alzira Serrasqueiro afirmou ainda que não acredita em rusgas nem em perseguições. "Sendo governadora civil sou responsável neste distrito pela coordenação das polícias e posso dizer que não seria a PSP que iria impedir o sindicato de se manifestar, não é esse o espírito. Não houve nenhuma ordem nesse sentido", salientou."
Jornal Público
Parece-me que o "nosso Primeiro" e o seu elenco governativo, ou os diligentes militantes socialistas, estão a ficar por demais nervosos e a perder a razão e o bom senso.
Só posso desejar que isto não volte a acontecer em maior numero.
Fiquem bem.

2 Comments:

At 10:17 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Não estou a gostar destes comportamentos de controle e intimidação. Gosto de continuar a ter o direito a dizer o que penso. Fica bem

 
At 6:38 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Com as novas tecnologias, pode ser que um dia alguém grave, em telemóvel, uma cena deste género. Depois quero ver as fuças do ministro quando for ao parlamento, falar baseado em relatórios encomendados…
Eu bem digo que Sócrates, noutro contexto, bem podia ser um novo Salazar.
Quase todos os ditadores foram eleitos pela insatisfação do povo e aqui o PSD também tem culpas no cartório. Depois de governos tão maus o povo vota em qualquer trampa.
Bom fim-de-semana e obrigado pela visita.

 

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