Grécia: o país em stand-by que está a abalar a Europa
A Europa devido á ganância dos países do centro e norte caminha para o seu fim, por mim tudo bém, não me foi questionado se queria ou não aderir. Foi feito algum referendo? não .....
"Os passos de um futuro muito incerto
Grécia: o país em stand-by que está a abalar a Europa
29.05.2011 - 13:00 Por Raquel Almeida Correia
Sem consenso político, sem dinheiro, sem apoio do povo. Atenas vive nova semana decisiva, também sem solução no horizonte.
Protestos têm marcado o dia-a-dia nas imediações do Parlamento
(Foto: Miguel Madeira)
Enquanto o Governo grego procura um entendimento com a oposição e os credores pressionam o país a apresentar provas de credibilidade económica, os protestos vão-se intensificando nas ruas de Atenas, com o Parlamento como pano de fundo. Depois de uma semana intensa, os próximos dias vão ser decisivos para o futuro da Grécia e, muito provavelmente, de Portugal. A crise já se infiltrou no dia-a-dia, sem que haja uma solução no horizonte.
A praça Syntagma, uma das maiores da capital e onde um dia se lutou pela Constituição, é hoje o epicentro do enigma com que o país se debate. No topo, o Parlamento grego, onde se votará em breve o plano de austeridade extraordinário exigido pela União Europeia (UE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que ameaçam suspender as tranches do empréstimo de 110 mil milhões acordado há um ano.
Mesmo em frente ao edifício, um grupo de porta-vozes improvisados de uma população descontente e empobrecida mantém-se, 24 em 24 horas, a pedir assinaturas para uma petição que devolva ao povo o poder sobre o destino da Grécia. A comunicação social tem na praça um poiso fixo, mais notório quando a polícia, que se forma em verdadeiros pelotões sem margem para cortesias, começa a cortar as estradas. É sinal de que se aproxima uma manifestação.
Os protestos na capital começaram a intensificar-se no final desta semana, em reacção ao novo pacote de austeridade que o Governo liderado por George Papandreou teve de apresentar para garantir que a UE e o FMI não cortam o financiamento. As principais medidas, com impacto directo sobre a população, passam por um aumento do IVA e impostos sobre as pensões, por exemplo, havendo ainda um alargamento do programa de privatizações, que tem vindo a derrapar.
Um país de impasses
Estas reformas estão, no entanto, dependentes de um consenso alargado, que o executivo não conseguiu assegurar, apesar da intensa negociação com as restantes forças políticas. O PASOK, que formou Governo em 2009 e tem maioria, só conseguiu o apoio de dois partidos e o grande rival (Nova Democracia) está decidido a chumbar o plano, apesar da ameaça de a Grécia entrar na bancarrota a partir de 26 de Junho, se a quinta tranche de 12 mil milhões de euros não chegar.
Para Yannis Stournaras, reputado economista grego, este impasse vai ser resolvido única e exclusivamente por Papandreou, que já disse, aliás, estar disposto a avançar com as medidas sozinho. "O Governo tem praticamente mais três anos de mandato e, por isso, quer e deve implementar as medidas. A UE e o FMI não podem colocar este tipo de pré-requisitos", disse, numa entrevista em Atenas (ver página seguinte).
As autoridades externas não estão, porém, muito inclinadas a recuar na exigência, o que está a colocar Atenas sob pressão. Nas ruas, há quem já nem veja a Grécia como um país. "Parece mais que somos uma empresa deficitária que foi vendida aos credores por um cêntimo, assumindo a dívida", lamentou um grego, preocupado com o que esta crise vai significar para as próximas gerações.
Se o país não se entender, dentro e fora de portas, haverá ainda mais motivos para essa preocupação. O ex-ministro das Finanças durante o Governo PASOK, no início da década, diz que os futuros filhos da Grécia vão passar por muito "sofrimento" caso se coloque o pior cenário: a saída da zona euro. "Seria provavelmente pior do que um suicídio masoquista. A dívida grega cresceria 50 por cento num único dia", afirmou Nicos Christodoulakis ao PÚBLICO.
"Acredito firmemente que uma extensão voluntária [da dívida] é o caminho. Permitiria respirar por dois ou três anos, recuperando o crescimento e tornando o pagamento futuro novamente sustentável", acrescentou. Com o impasse que se gerou em redor do futuro do país, o dia-a-dia passou a ser gerido em regime de sobrevivência, sem fazer contas ao tempo que levará a Grécia a reerguer-se. As empresas portuguesas que operam no mercado grego também se viram obrigadas a entrar neste ritmo.
A Sonae Sierra, por exemplo, teve de "rever os prazos de investimento em novos projectos", quando tinha planeado inaugurar dois novos centros comerciais, explicou o director-geral Tiago Eiró. Já o Millennium Bank, liderado por Rui Coimbra, tem vindo a aumentar os spreads médios porque "é preferível não conceder crédito a lidar com incumprimento", cuja "taxa é superior a dez por cento". Desde que a crise estalou, a operação do BCP no país teve de ser reduzida, o que resultou no encerramento de cerca de 28 balcões e na dispensa de 100 trabalhadores."
"Os passos de um futuro muito incerto
Grécia: o país em stand-by que está a abalar a Europa
29.05.2011 - 13:00 Por Raquel Almeida Correia
Sem consenso político, sem dinheiro, sem apoio do povo. Atenas vive nova semana decisiva, também sem solução no horizonte.
Protestos têm marcado o dia-a-dia nas imediações do Parlamento
(Foto: Miguel Madeira)
Enquanto o Governo grego procura um entendimento com a oposição e os credores pressionam o país a apresentar provas de credibilidade económica, os protestos vão-se intensificando nas ruas de Atenas, com o Parlamento como pano de fundo. Depois de uma semana intensa, os próximos dias vão ser decisivos para o futuro da Grécia e, muito provavelmente, de Portugal. A crise já se infiltrou no dia-a-dia, sem que haja uma solução no horizonte.
A praça Syntagma, uma das maiores da capital e onde um dia se lutou pela Constituição, é hoje o epicentro do enigma com que o país se debate. No topo, o Parlamento grego, onde se votará em breve o plano de austeridade extraordinário exigido pela União Europeia (UE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que ameaçam suspender as tranches do empréstimo de 110 mil milhões acordado há um ano.
Mesmo em frente ao edifício, um grupo de porta-vozes improvisados de uma população descontente e empobrecida mantém-se, 24 em 24 horas, a pedir assinaturas para uma petição que devolva ao povo o poder sobre o destino da Grécia. A comunicação social tem na praça um poiso fixo, mais notório quando a polícia, que se forma em verdadeiros pelotões sem margem para cortesias, começa a cortar as estradas. É sinal de que se aproxima uma manifestação.
Os protestos na capital começaram a intensificar-se no final desta semana, em reacção ao novo pacote de austeridade que o Governo liderado por George Papandreou teve de apresentar para garantir que a UE e o FMI não cortam o financiamento. As principais medidas, com impacto directo sobre a população, passam por um aumento do IVA e impostos sobre as pensões, por exemplo, havendo ainda um alargamento do programa de privatizações, que tem vindo a derrapar.
Um país de impasses
Estas reformas estão, no entanto, dependentes de um consenso alargado, que o executivo não conseguiu assegurar, apesar da intensa negociação com as restantes forças políticas. O PASOK, que formou Governo em 2009 e tem maioria, só conseguiu o apoio de dois partidos e o grande rival (Nova Democracia) está decidido a chumbar o plano, apesar da ameaça de a Grécia entrar na bancarrota a partir de 26 de Junho, se a quinta tranche de 12 mil milhões de euros não chegar.
Para Yannis Stournaras, reputado economista grego, este impasse vai ser resolvido única e exclusivamente por Papandreou, que já disse, aliás, estar disposto a avançar com as medidas sozinho. "O Governo tem praticamente mais três anos de mandato e, por isso, quer e deve implementar as medidas. A UE e o FMI não podem colocar este tipo de pré-requisitos", disse, numa entrevista em Atenas (ver página seguinte).
As autoridades externas não estão, porém, muito inclinadas a recuar na exigência, o que está a colocar Atenas sob pressão. Nas ruas, há quem já nem veja a Grécia como um país. "Parece mais que somos uma empresa deficitária que foi vendida aos credores por um cêntimo, assumindo a dívida", lamentou um grego, preocupado com o que esta crise vai significar para as próximas gerações.
Se o país não se entender, dentro e fora de portas, haverá ainda mais motivos para essa preocupação. O ex-ministro das Finanças durante o Governo PASOK, no início da década, diz que os futuros filhos da Grécia vão passar por muito "sofrimento" caso se coloque o pior cenário: a saída da zona euro. "Seria provavelmente pior do que um suicídio masoquista. A dívida grega cresceria 50 por cento num único dia", afirmou Nicos Christodoulakis ao PÚBLICO.
"Acredito firmemente que uma extensão voluntária [da dívida] é o caminho. Permitiria respirar por dois ou três anos, recuperando o crescimento e tornando o pagamento futuro novamente sustentável", acrescentou. Com o impasse que se gerou em redor do futuro do país, o dia-a-dia passou a ser gerido em regime de sobrevivência, sem fazer contas ao tempo que levará a Grécia a reerguer-se. As empresas portuguesas que operam no mercado grego também se viram obrigadas a entrar neste ritmo.
A Sonae Sierra, por exemplo, teve de "rever os prazos de investimento em novos projectos", quando tinha planeado inaugurar dois novos centros comerciais, explicou o director-geral Tiago Eiró. Já o Millennium Bank, liderado por Rui Coimbra, tem vindo a aumentar os spreads médios porque "é preferível não conceder crédito a lidar com incumprimento", cuja "taxa é superior a dez por cento". Desde que a crise estalou, a operação do BCP no país teve de ser reduzida, o que resultou no encerramento de cerca de 28 balcões e na dispensa de 100 trabalhadores."
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