Olá, cá volto eu para vos trazer mais uma injustiça no "país do Tio Sam", ela ronda as margens do fascismo, no país que todos consideram como a mais antiga e democrática democracia do Mundo, eu sou bastante séptico quanto a estes dois adjectivos.
Um país onde imperou durando metade do século XX o racismo, onde imperaram os movimentos racistas e fascistas, onde existiu partidos de esquerda proibidos, onde o anticomunismo foi ferozmente aplicado, onde as liberdades fundamentais foram durante anos postas só no papel, onde os policias inventaram provas, onde as ingerências em países estrangeiros foram mais que muitas, peninsula da Coreia e Indochina, Vietname é o mais flagrante que culminou com a derrota dos EUA, mais recentemente o Iraque, armaram os povos afegãos contra a URSS, tendo mais tarde de intervir contra os mesmo que haviam armado, estaríamos aqui a enunciar muitas e muitas outras ingerências que nos levam a ter muitas dúvidas quanto a essa democracia.
Bem não foi para falar da ingerências dos EUA que me levou a escrever estas linhas, mas sim levar até vós as
injustiças de um aparelho judicial que ao que parece não é o mesmo do resto do Mundo democrático, passa-se no
Tribunal Federal de Nova Jérsia, nos Estados Unidos, onde está ser julgada a espanhola
Maria]osé Carrascosa que está presa há mais de dois anos por se recusar a entregar a filha ao ex-marido americano.
Tudo poderia parecer legitimo se não fossem as incongruências demonstradas pelo juiz Venezia , um democrata .... ao que parece a democracia dele não é a mesma que perfilhamos, já que não reconhece as recomendações da Conferencia de Haia de Direito Internacional.
"Depois de três habeas corpus recusados, depois de recursos que chegaram ao Supremo Tribunal dos EUA, depois de sucessivos acordos falhados com o ex-marido para a entrega da da guarda da filha, e apesar da recomendação da Conferencia de Haia de Direito Internacional, dando razão à espanhola, o juiz Venezia não se deixou impressionar. Uma vez mais, determinou que a espanhola ou entrega imediatamente a filha à guarda do pai ou será julgada por interferência na custódia de menor e desacato à autoridade. Maria José repetiu o que sempre disse. A filha está em Espanha, com os avós maternos, e não regressará aos Estados Unidos." (Visão n.º848)
E porque não regressará aos EUA, pergunta-se?
Eis a resposta.
"«Está pior que um prisioneiro de Guantánamo. E que mal fez?», pergunta a mãe de Maria José Carrascosa no livro Amor Cruel, da jornalista Reyes Monforte, que será editado em Portugal, pela Planeta, na próxima semana. O «mal» de Maria José foi ter-se apaixonado pelo homem errado. Em 1998, advogada de sucesso em Nova Iorque, aceitou o desafio de uma amiga e conheceu o norte-americano Peeter Innes através de um site de encontros amorosos. Três meses depois, casaram, na igreja de Burrol, na região espanhola de Valência.
O casal fixou residência em Nova Jérsia e, em Abril de 2000, nasceu a sua filha - que tem dupla nacionalidade. A relação degradou-se a partir desse momento:
Maria José queixa-se de maus-tratos e as autoridades americanas possuem registos de várias ocorrências violentas na vida do casal. A advogada suportou o calvário até 2004, altura em que ficou gravemente doente. Tinha tumores no pâncreas. Retiram-lhe o baço e a tiróide. Foi dada como estéril. Os médicos explicaram-lhe que estava a ser vítima de «envenenamento lento com pesticidas». A advogada acredita que o marido lhe colocava veneno na comida e processou-o por «tentativa de homicídio». Depois de algumas investigações, descobriu que Peter, afinal, não existia. Era apenas mais uma das várias identidades falsas daquele homem, cadastrado sob nomes tão diversos como Lewis Negro, Frederick Smith ou William Peter.
A advogada regressou a Espanha com a filha e solicitou a anulação do casamento junto do tribunal eclesiástico espanhol, apresentando a documentação que provava a utilização de identidade falsa. Em Julho de 2005, o Tribunal de Valência concedeu-lhe a guarda de Victoria. Mas Peter Innes não aceitou a decisão e moveu-lhe um processo nos Estados Unidos, acusando-a de ter sequestrado a criança. " (Visão n.º848)
Ora alguns estados dos EUA não reconhecem a Convenção de Haia, e este é a mais antiga e democrática democracia do Mundo, é difícil acreditar em tal democracia.
"«Ela está cada mais débil, não é bem medicada e não sei quanto tempo mais aguentará», conta à VISÃO a irmã Victoria, que mudou toda a sua vida para tentar resgatar a irmã deste pesadelo. Multiplica-se em viagens aos Estados Unidos e chegou a ir a Budapeste, na esperança de entregar uma carta ao Presidente George W. Bush. Mas o mais perto que chegou foi dos guarda-costas. «Barack Obama já está a par da situação mas, apesar de os EUA terem assinado a Convenção de Haia, o Estado de Nova Jérsia entende que as suas leis é que valem e não acata a recomendação internacional», lamenta." (Visão n.º848)
Se ser isto é a mais antiga e democrática democracia do Mundo, eu decido que prefiro viver no "país de Sócrates", mesmo que por cá a democracia tem sido maltratada.
Transcrevo ainda a mensagem que Maria José Carrascosa escreveu com o papel que lhe foi facultado, o mínimo possível, por esta democracia podre, onde a esperança da reviravolta que se esperava com a eleição de Barack Obama se vai desvanecendo com o tempo, enfim todos estamos á espera de que tudo volte ao mesmo.
Eis o que ele escreveu:
"«Que o meu sofrimento sirva para que isto nunca mais aconteça a nenhuma mulher nem aos seus filhos. E que o meu caso leve a que sejam obtidas novas convenções de cooperação judicial entre diferentes Estados.»" (Visão n.º848)
Esperemos que este seja mais um processo onde a opinião mundial terá uma palavra forte para um bom fim.
Fiquem bem